Homicídios reduzem mais de 40% no primeiro bimestre de 2023 em Santa Maria

Maurício Barbosa

Homicídios reduzem mais de 40% no primeiro bimestre de 2023 em Santa Maria
Nos dois primeiros meses de 2023, Santa Maria registrou redução de 41,7% nos assassinatos. Em janeiro e fevereiro, houve sete homicídios, contra 12 em igual período do ano passado.

Em janeiro, foram registrados quatro assassinatos e, em fevereiro, três. Já em 2022, janeiro também foram quatro, mas em fevereiro oito, sendo o mês mais violento do ano, junto com março e dezembro, quando também foram registrados oito assassinatos.

Assim como no ano passado, todas as vítimas da violência no primeiro bimestre eram do sexo masculino. Um dos mortos ainda não foi identificado, já que o corpo estava carbonizado.

Três pessoas tinham idades entre 31 e 40 anos, uma de 43 e duas entre 21 e 30. Outra vítima foi um adolescente de 16 anos.

Todos os crimes ainda estão sendo investigados pela Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP). Dos sete crimes, cinco foram motivados por tráfico de drogas, conforme indicam as investigações. Também cinco assassinatos já têm a autoria apontada e estão totalmente esclarecidos.

O delegado Marcelo Mendes Arigony, que assumiu recentemente a Delegacia de Homicídios, destaca o bom trabalho que vem sendo realizado na DPHPP desde a sua criação. Ele ressalta que é preciso muito mais do que a responsabilização dos envolvidos nos crimes, pelo fato de a curva de homicídios estar em crescimento.

– Tivemos um grande número nos crimes violentos, letais e intencionais em 2022. Traçaremos uma estratégia para além do que essa delegacia vem fazendo muito bem. É digno de nota o trabalho que tem sido realizado aqui, com números bastante significantes na elucidação dos crimes contra a vida. Em 2019, chegamos a ter 100% de elucidação e os índices hoje apontam 80%, mas mesmo assim, a curva não cede. Nós vamos continuar trabalhando nesse sentido, numa ofensiva contra os homicídios, contra as tentativas – afirma.

Arigony diz ser importante analisar a sazonalidade do crime, que se verifica principalmente nos homicídios. As mortes violentas são um dos principais indicadores de criminalidade e indicam as estratégias a serem adotadas para redução dos crimes.

– No homicídio há claramente circunstâncias que são controláveis e outras que as forças de segurança não conseguem controlar e que impactam no aumento e na redução. Com relação a fevereiro, se olharmos especificamente, vamos ver uma redução muito grande em relação ao ano passado. Talvez decorrente do trabalho intenso que as forças de segurança fizeram e que trouxeram esse impacto – aponta Arigony.

O delegado de Homicídios destaca que, além de responsabilizar os envolvidos, é preciso investir em políticas públicas para que essas pessoas não sejam levadas novamente ao mundo do crime.

– Precisamos de uma redução global que pense no futuro, que pense a longo prazo. Acreditamos que essa redução virá quando trouxermos outros atores sociais que possam nos auxiliar com políticas públicas que ataquem as áreas de vulnerabilidade e a questão prisional. Vamos ver, com certeza, a delegacia com bastante operacionalidade, mas a gente pensa também em buscar outro horizonte, envolver a comunidade, a Universidade Federal de Santa Maria, os vereadores, envolver força pública e privada, para que se pense uma política de segurança para além do que vem sendo realizado aqui. Precisamos envolver uma política pública maior, global, para tentar reduzir o número desses crimes que atingem o bem jurídico mais importante, que é vida – observa.

Os crimes de 2023

JANEIRO

O primeiro assassinato aconteceu no dia nove de janeiro, na Rua Esperança no Bairro Renascença. Ângelo da Silva de 43 anos foi morto com pelo menos 10 tiros. Pelo menos três suspeitos chegaram armados em um carro, desceram do veículo, invadiram a casa e executaram a vítima.

Já o segundo crime aconteceu na Rua 20, no residencial Dom Ivo Lorscheiter no Bairro Diácono João Luiz Pozzobon. A vítima foi ium adolescente de 16 anos, identificado como Cleberson Guilherme Carvalho Ferreira. Segundo informações apuradas no local, a vítima caminhava pela rua quando dois suspeitos que estavam armados passaram e atiraram contra ele.

Yuri Vargas da Silva, 24 anos, morreu em 15 de fevereiro, após ficar 17 dias internado no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), depois de ser esfaqueado na barriga, durante uma briga. O crime aconteceu no dia 29 de janeiro, em frente à uma distribuidora de bebidas na Rua Duque de Caxias. Outros dois jovens, de 20 e 22 anos, também foram esfaqueados e ficaram feridos.

O quarto e último crime do mês, foi descoberto no último dia de janeiro. Uma denúncia para o telefone 190 da Brigada Militar levou os policiais até um corpo carbonizado. Os restos mortais estavam as margens da BR-287 próximo ao trevo da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra). A vítima não foi identificada. O corpo foi encaminhado para exame de necropsia e DNA para fazer a identificação. O resultado ainda não foi divulgado pela polícia.

Janeiro fechou o mês com quatro crimes e não três conforme divulgamos na matéria anterior. A diferença se deu devido a morte de Yuri Vargas da Silva, ser registrada em janeiro, na data do fato e não no dia da morte (em fevereiro). Mesmo assim, o janeiro fechou em queda nos crimes contra a vida em relação aos últimos três anos.

FEVEREIRO

O corpo de Marcelo Quevedo de Paulo, de 32 anos, foi encontrado por volta das 3h30min, na madrugada de 11 de fevereiro na Rua Vicente Noal no Bairro Noal em Santa Maria. A vítima estava caída na rua. Conforme informações da ocorrência policial registrada pela Brigada Militar estavam em patrulhamento quando foram orientados pela sala de operações do Centro Integrado de Operações de Segurança Pública para verificar uma denúncia de uma pessoa que estava caída na rua após alguns tiros serem ouvidos na região. Quando chegaram ao local, os policiais encontraram a vítima já sem vida. Segundo a polícia, a vítima foi executada com dois tiros, um na cabeça e outro na cintura.

Neimar da Silva Trindade, 36 anos, foi morto com cinco tiros na madrugada de 12 de fevereiro. O crime aconteceu por volta das 3h, na Rua Amadeu Martins Lopes, Bairro Urlândia. Segundo a BM, a vítima estava em casa quando foi executada. Uma testemunha teria visto um homem fugindo do local logo após o crime.

Henrique da Cunha Borowsky de 37 anos foi encontrado morto dentro de uma casa na Rua Santo Ângelo, na Vila Bela União, no Bairro Caturrita no final da noite de terça-feira (21). A Brigada Militar foi acionada por volta das 23h para atender a ocorrência. Conforme apurado pela reportagem, a vítima foi encontrada sentada no sofá com um tiro na cabeça. Vizinhos teriam ouvido tiros por volta das 13h30mim. Este foi o sétimo homicídio do ano na cidade, o terceiro do mês de fevereiro. No final da tarde de quarta-feira (1), um homem de 36 anos foi preso pela autoria do crime.

MARÇO

O mês de março mal começou e já registrou pelo menos dois assassinatos. Daniel Silveira dos Santos, 21 anos, foi executado com um tiro no peito por volta das 2h45min do dia 2, em uma casa na Avenida Maestro Barbosa Ribas, na Vila Lídia, no Bairro Noal. O outro crime foi a morte de André Fernando Trindade Alves, 41, assassinado com dois tiros no Balneário do Passo do Verde no último domingo. Esses foram o oitavo e novo homicídios do ano na cidade.

Com isso, Santa Maria registra nove homicídios em 2023, até o momento. Em todo o ano passado, houve 70 assassinatos no município, o maior número da história, igualando ao balanço de 2017.

Violência em 2022 foi mais acentuada, afirma delegado

O delegado regional de Santa Maria, Sandro Meinerz, afirma que os assassinatos na cidade precisam ser analisados em um contexto maior. O ano de 2022 foi considerado pela polícia como muito violento e desde o início foi registrado alto número de execuções na cidade.

– A gente começa a ver no início deste ano uma redução daquele elevado número que tivemos ano passado. Isso se deve a vários fatores, às ações que foram realizadas integradamente pelas instituições, Polícia Civil, Brigada Militar, Superintendência de Serviços Penitenciários, ao trabalho investigativo da Polícia Civil que elucida a imensa maioria dos homicídios. Temos índice de licitação acima dos 85%, e isso também ajuda a reduzir e a conter os homicídios, porque, ao retirarmos de circulação pessoas que estão matando para grupos criminosos, primeiro poupamos a vida desses indivíduos, já que quem mata acaba morrendo, e segundo que eles não matarão mais, por estarem presos – afirma.

Meinerz ressalta que a missão da Polícia Civil é continuar trabalhando para reduzir ainda mais o número de mortes violentes em 2023.

Para Meinerz, 99% dos assassinatos são cometidos e acabam vitimando pessoas ligadas à criminalidade.

– Estamos trabalhando muito focados no combate a esse tipo de atividade criminosa, que é fruto do tráfico, das facções, das guerras dos grupos criminosos e do sistema prisional. Eu sempre destaco e de forma bem contundente, que quem está morrendo, são pessoas ligadas ao mundo da criminalidade, que acabaram de uma maneira ou de outra assumindo o risco que acontece ou que vem a acontecer com elas. Ingressaram em facções, em grupos criminosos, trabalharam com eles e acabaram daí gerando alguns conflitos que custou a vida de uns e ainda vai custar a vida de outros. Então é importante pro cidadão de bem saber que o trabalhador, a pessoa honesta essa não está sendo vítima dessa violência. Tivemos latrocínios ano passado e aí sim, no latrocínio a gente tem uma vítima inocente que é um trabalhador, que é um aposentado, um empresário que acaba perdendo a vida. Sempre bom pontuar essa questão, mas vamos continuar trabalhando firmemente pra reduzir esse indicador dos homicídios – afirma o delegado regional.

Brigada militar

Para o major Rogério Ganzel Alves, comandante do 1º Regimento de Polícia Montada (1º RPMon), a redução no número de crimes se dá pelas ações de enfrentamento à criminalidade, feitas em conjunto pelos órgãos de segurança do município.

– O 1º RPMon realizou e realiza diariamente operações policiais, com apoio do 2° Batalhão de Polícia de Choque e do Comando Regional de Policiamento Ostensivo nas regiões de maior incidência de homicídios, de acordo com as estatísticas. As operações realizadas com enfoque nas abordagens, resultaram em prisões, apreensões e prevenção deste delito – explica o comandante.

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